Mercado imobiliário espera expansão em 2021 mesmo que juros aumentem

Crédito mais barato estimulará vendas, mas bom resultado depende de recuperação da economia

Por Fernanda Brigatti – Folha de S. Paulo – São Paulo

O mercado imobiliário está otimista com 2021. Depois de um 2020 surpreendentemente positivo, apesar da pandemia, as perspectivas para o ano são de expansão das vendas, da indústria e do crédito.

Pudera. Entre as empresas que já divulgaram suas prévias de resultados do último trimestre, há quem reporte as melhores vendas da história – e isso em um ano atípico.

Na capital paulista, as 51,4 mil unidades residenciais vendidas representaram um recorde na série histórica iniciada em 2004 pelo Secovi-SP (sindicato da habitação). O resultado superou em 4% as 49,2 mil unidades vendidas em 2019, ano considerado excepcional.

A preocupação com preços e prazos de entrega de matérias-primas persiste, mas há expectativa de estabilidade ainda no primeiro trimestre.

Do lado do consumidor, os juros abaixo de 7% facilitaram financiamentos. Mais famílias acessaram crédito e outras conseguiram, com a mesma renda, comprar um imóvel mais caro do que poderiam quando os juros passavam de dois dígitos.

Empreendimento em construção em Perdizes; em 2020, vendas subiram 4% – Gabriel Cabral/Folhapress

A Abecip (associação de entidades de crédito) projeta alta de 21% na concessão de crédito neste ano, considerando SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo) e FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).

Em 2020, os financiamentos com recursos da poupança superaram o ano de 2014, o do “boom” dos imóveis.

Para o presidente da Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias), Luiz Antonio França, todos os segmentos terão crescimento em 2021.

Uma eventual elevação da taxa básica dos juros (Selic) não preocupa o setor. “Se a Selic chegar a 3,5%, a poupança não muda e não deverá ter impacto no mercado. Só é fundamental ficar abaixo de dois dígitos”, disse França.

Para a economista da Cbic (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), Ieda Vasconcelos, uma Selic em 4% manteria estímulo ao crédito.

No setor econômico, que engloba o Casa Verde e Amarela (o antigo Minha Casa Minha Vida), o resultado deverá ser impactado pelo déficit estimado em 7,8 milhões de moradias e pela criação de novas famílias.

Na capital, segundo balanço do Secovi-SP, metade do que foi lançado em 2020 foi dentro do segmento econômico.

O indicador calculado pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisa) para a Abrainc mostra comportamentos distintos entre os segmentos de médio e alto padrão e econômico nos 12 meses até novembro.

Esse último teve alta de 12,7% nos lançamentos, e de 36,4% nas vendas líquidas. Entre os empreendimentos mais caros, as vendas ficaram negativas em 7,6%, e o volume de novos negócios, em 35,1%.

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